Literatura marginal: um grito para o mundo

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Há tempos o tema marginal e periférico tem atrelado um novo significado ao mundo literário. O tema também ganha relevância internacional e abre um novo espaço aos escritores do segmento. Mas afinal de contas, o que é a literatura marginal?

 

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Trabalho de Hélio Oiticica que define em poucas palavras a Literatura marginal.

O termo “literatura marginal” nasceu por volta dos anos 70, também conhecida como poesia marginal ou geração mimeógrafo, em função da repressão da ditadura militar. Como principal característica surgiu a quebra de padrões literários da época, que ia contra o modelo do mercado editorial, fugindo das formas comerciais de produção e circulação de literatura impostas pelas grandes editoras da época. Ressaltando que a década de 70 foi uma das mais opressoras para a intelectualidade do país, onde a implementação do ato institucional número 5 (AI-5) repreendeu todo o tipo de liberdade de expressão.

O resultado dessa primeira vertente foram principalmente obras poéticas que eram produzidas artesanalmente e tinham uma grande presença do contexto da linguagem misturado aos termos da linguagem culta, fugindo das regras da escrita coloquial. Iniciou-se aí a distribuição de pequenos livros pelos próprios autores em bares, museus, praças, teatros e cinemas. Esse movimento foi liderado por um grupo de artistas e intelectuais da classe média que recusavam as formas estéticas empregadas. Dentre os nomes precursores dessa vertente, temos Paulo Leminski.

Foi ao passar do tempo que o termo Literatura Marginal foi ganhando novas vertentes. A literatura brasileira sempre usufruiu das histórias de exclusão social, mas foi por volta do fim dos anos 80, quando a violência no país ganhou novas frentes e chacinas, que o termo Literatura Marginal também verteu para novas modalidades: tornou-se um manifesto para a voz da sociedade que vive à margem da sobrevivência, ganhando também a correlação com o nome Literatura Periférica. Passou a ser um grito da própria sociedade para o mundo.

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Sergio Vaz, um dos maiores representantes da Literatura marginal.

A partir daí a literatura marginal ganhou novas vozes e atrelou-se às demais manifestações da periferia. Conseguiu também deixar de ser publicada independentemente e tem aos poucos conquistado o mercado editorial. Também ganhou voz junto ao mundo e tem aos poucos conseguido relevância internacional, alcançando mercados como o da Alemanha, que em 2013 recebeu um evento para a disseminação de suas letras levando os principais difusores do movimento. A literatura marginal e periférica ganhou voz própria e passou a ser ouvida.

Sergio Vaz, um dos maiores representantes desse movimento, disse: gosto do termo literatura periférica porque diz de onde viemos. Antigamente falavam da gente. Hoje, falamos nós mesmos.

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