Os Ecos de Umberto

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Ou sobre como os grandes nomes e suas ideias nunca nos deixam de verdade

Um ano atrás, 19 de fevereiro entrou para a lista de dias que nunca mais serão os mesmos. Dramaticidades à parte, é fato que pelo menos a cada 5 anos seremos relembrados, em homenagens e retrospectivas intermináveis, da grande perda que foi a morte de Umberto Eco. A questão aqui é que acho que, por mais bem intencionadas que sejam – e serão – todas estas homenagens, nenhuma delas jamais conseguirá capturar de fato quem foi Eco. Com a licença da piada sofrida, mas sua obra, seus escritos, ressoam tanto quanto seu nome sugere.

Para além de todos os passeios nos bosques e dos pêndulos filosóficos etc, etc etc, o que surpreende em nosso querido italiano não é apenas sua capacidade de capturar a essência daquilo sobre o que fala diretamente, e sobre o que geralmente tanto se diz, mas jamais com a mesma graça.

Pensamos naquilo que realmente Ecoa. Naquilo que escapa às referências em trabalhos acadêmicos e aos ouvidos desatentos em conferências e palestra. Naquilo que passa a fluir de boca em boca, pensamentos em pensamento, sem mais carregar o nome de sua origem. Mas especialmente naquilo que ainda timidamente carrega seu nome; nas menções tímidas dos jovens teóricos e estudantes, futuros estudiosos quem sabe; das referências e citações que não carregam mais seu nome, não por descuido, mas porque não é mais necessário.

É esse tipo de eco que recentemente percebi e pelo qual me encantei imensamente. Quando me peguei me deixando levar, de novo, em seus passeios pelos bosques, foi que percebi quantas vezes Eco se fez presente sem nem ao menos precisar ser nomeado. E só podemos imaginar quantas vezes mais será.

Deixamos, portanto, apenas uma singela homenagem ao homem que, direta ou indiretamente, continuará ressoando e ressoando nos ouvidos dos apaixonados pelo universo dos livros e das narrativas.

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