Este livro entrou na lista de “livros que indico para todos que querem escrever”, apesar que passei a conhecê-lo apenas umas duas semanas atrás. Fui à biblioteca para pegar alguns livros emprestados. Em cima de uma mesa estava esta preciosidade, como se o destino tivesse planejado este momento único para eu topar com o livro, que fique claro: não acredito em destino. Julgo esta situação como uma feliz coincidência.
Llosa aborda os fundamentos do romance ou conto e os desafios que cabem a cada escritor ao criá-los. Escrever, este ofício que fascina todos aqueles que são leitores fissurados. De forma magistral ele colocas as dificuldades e anseios de todos escritor, mas sem deixar de ressaltar o prazer em ver a obra criada. Destaco este trecho do livro sobre o penoso processo da escrita:
“Não existem romancistas precoces. Todos os romancistas grandes, os admiráveis, foram, no começo, escritores aprendizes cujo o talento passou por uma gestação alimentada pela constância e pela convicção. Muito alentador – não é mesmo? – para alguém que começa a escrever, o exemplo daqueles escritores que, diferentemente de um Rimbaud, que já era um poeta genial em plena adolescência, foram construindo seu talento”.
Pg. 15
O poder de persuasão, O estilo, O narrador/O espaço, O tempo, Níveis de realidade e As guinadas e o salto qualitativo são alguns capítulos com verdadeiras aulas que todos que escrevem romances ou contos, ou aqueles que ainda não escrevem mas pretendem, deveriam aprender. Mas não de uma forma teórica e maçante, recorrendo a um clichê “para quebrar regras é primeiro preciso conhecê-las” e é isso que aprendemos com o autor. Mario Vargas Llosa conversa com o leitor como se estivesse se correspondendo por cartas, que aliás é a ideia da coleção “Cartas para um leitor…”.
Algo que me chamou a atenção no livro foi a reflexão que Llosa fez sobre o poder das histórias em detrimento à opressão do sistema. Confira a reflexão citada:
“Não sem razão: sob uma aparência inofensiva, inventar histórias é uma maneira de exercer a liberdade e de lutar contra os que – religiosos ou leigos – gostariam de aboli-la. Essa é a razão pela qual todas as ditaduras – o fascismo, o comunismo, os regimes fundamentais islâmicos, os despotismos militares africanos ou latino-americanos – tentam controlar a literatura aprisionando-a na camisa de força da censura”.
Pg. 11
Enfim, vale a pena ler este livro, é como ter um grande escritor sussurrando dicas ao seus ouvidos.