Resenha: Deuses Americanos – Neil Gaiman

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Então pessoal vamos para mais uma resenha. O livro da vez é “Deuses Americanos” de Neil Gaiman, escritor e roteirista americano. Já fazia algum tempo que ouvia falar deste livro e deste autor, e resolvi que iria ler Deuses Americanos, embora afirmem que sua obra prima seja “Coisas Frágeis”. Quando vi o preço do livro em questão fique decepcionado, custava R$ 49,00, então resolvi deixar mais par frente, até que pouco tempo depois o Submarino lançou uma promoção chamada de “Coleção Neil Gaiman”, quatro livros (Deuses Americanos, Sinal e Ruído, Mr. Punch e Lugar nenhum) por R$ 49,00. Não perdi tempo e comprei, abaixo tecerei comentários sobre o primeiro que li.

Deuses Americanos é um convite à reflexão, mas também cai muito bem para aqueles que gostam de “leituras recriativas”, um termo que não aprecio muito, já que desconsidero a opinião de alguns que afirmam que só porque um livro contem um pouco de humor dizer que não tem valor. Shadow é o personagem principal, está na cadeia preso a três anos e seu maior sonho é voltar para casa, estar novamente com a pessoa que ama, Laura, sua esposa. Sua pena está cumprida, mas na hora de voltar para casa, as coisas não acontecem como ele sonhou quando estava preso (se continuar, será spoiler, melhor não). Nesta trama temos de um lado os deuses do passado que vieram aos Estados Unidos no coração e na crença dos imigrantes, do outro lado estão os deuses do presente, como: Televisão, Técnica (acho que um nome melhor seria tecnologia), Aviões, entre outros que são cultuados todos os dias por nós. Para você entender melhor o que o autor tem por conceito de deuses modernos veja este diálogo:

– Quem é você – pergunta Shadow
– Tudo bem. Boa pergunta. Eu sou a caixa dos idiotas. Sou a TV Eu sou o olho que vê tudo e sou o mundo do raio catódico. Eu sou o tubo dos tolos… o pequeno altar na frente do qual a família se reúne para adorar.
– Você é a televisão? Ou alguém na televisão?
– A TV é o altar. Eu sou aquilo pelo que as pessoas se sacrificam.
– Como se sacrificam? – perguntou Shadow.
– O tempo que tem –Disse Lucy – Às vezes, umas às outras…
Pág. 141

 O livro é cheio de diálogos bem construídos e engraçados, reservei outros dois para uma prévia, confiram:

 – você já leu um cara chamado Heródoto?
– Jesus. O quê?
– Heródoto. Você já leu as histórias dele.
– (…) Eu não li Heródoto. Já ouvi falar dele. Talvez no rádio. Não é ele que chamam de pai da mentira?
– Pensei que esse aí fosse o diabo.
– É, ele também. Mas falaram que Heródoto disse que tinha formigas gigantes e grifos vigiando minas de ouro… como ele inventou esse negócio?
Pág. 137

– Eu não matei seus associados – disse Shadow. – Mas vou dizer uma coisa que um cara me disse certa vez, quando eu estava na prisão. Uma coisa que eu nunca esqueci.
– E o que é?
– Tinha só um cara na Bíblia inteira pra quem Jesus prometeu pessoalmente um lugar no paraíso do lado dele. Não foi pra Pedro, nem pra Paulo, nem pra nenhum daqueles caras. Ele era um ladrão condenado, que estava sendo executado. Então, não fica tirando uma dos caras no corredor da morte. Talvez eles saiba de alguma coisa que você não sabe.
Pág. 331

Para encerrar, gostaria de dizer que vale a pena a leitura. Neil Gaiman me conquistou com este livro, com certeza lerei outros livros do autor. O livro tem: romance, terror, comédia, drama e ficção. Já ia me esquecendo, para quem gosta de narrações um tanto tenebrosas Gaiman se supera quando fala dos sonhos de Shadow, é a cereja do bolo.

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