Na semana passada, além das reportagens e declarações polêmicas sobre Jogos Vorazes e Crepúsculo, Stephen King lançou um livro que era aguardado por muitos desde 2009 (ou até antes). Doctor Sleep, que nada mais é que a continuação de um de seus títulos mais famosos: O Iluminado. A história gira em torno de Danny Torrence e sobre o que aconteceu em sua vida depois da partida dramática do Hotel Overlook.
A obra chega sob grandes expectativas, muitas partindo do próprio autor, que diz estar nervoso e espera que o livro seja tão bem aceito pelo seu público quanto o seu antecessor foi (ou até melhor, se possível). Por enquanto, só edição em inglês, esperemos que a versão em português não demore.
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Como relembrar é viver, e O Iluminado é um livro já com 37 anos de idade, confira abaixo sete curiosidades sobre o livro, que foi o terceiro escrito por Stephen King. Ou, se ainda não leu a obra e ficou curioso depois desse texto, confira a resenha e vá correndo procurar um exemplar para ler.
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1) Título com inspiração na música: O nome partiu da música Instant Karma! de John Lennon. Mais especificamente do refrão que diz “We all shine on“. Além disso, dá só numa olhada na primeira estrofe da música: Instant Karma’s gonna get you / Gonna knock you right on the head / You better get yourself together / Pretty soon you’re gonna be dead.
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2) Título racista: Inicialmente, o autor queria chamar sua obra de The Shine, mas mudou de ideia ao perceber que Shine era uma gíria pejorativa para negros. Segundo King, shine (que significa algo como luz, brilho, brilhar) na época do lançamento vinha sendo usada nos Estados Unidos como gíria ofensiva para a raça negra, com o sentido de refletir luz, ser brilhante. The Shine foi rejeitada pela editora após uma pesquisa de mercado apontar grande rejeição do público. O autor, que não sabia da conotação do título, concordou prontamente na mudança.
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3) Tudo planejado: Em seu rascunho inicial, O Iluminado foi dividido em cinco atos, quase como uma peça teatral de Shakespeare. Segundo o próprio autor, a estrutura dividida facilita a passagem da história para a televisão. Só depois de pronto o livro ganhou o formato de prosa.
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4) Obra incompleta: O que lemos nas 314 páginas do livro não é tudo. Parte da história do misterioso Hotel Overlook está registrada em outro lugar. O prólogo Before the Play foi tirada do livro para deixar a obra com menos páginas e mais acessível aos leitores. Stephen King guardou o trecho por anos e o lançou em 1982 na revista Whispers.
O prólogo traz cinco histórias que contam mais sobre o Hotel e os Torrance. Primeira cena: a construção do hotel em 1907, até a venda para dois irmãos. Segunda cena: sobre uma hóspede recém casada chamada Lottie Kilgallon, que tem pesadelos desde que chegou ao hotel. Terceira cena: sobre o contador Lewis Tower, que também é amante do dono do hotel. Quarta cena: no verão de 1953, o menino Jackie Torrance vê seu pai chegar alcoolizado em casa. Quinta cena: um atentado terrorista deixa três mortos na suíte presidencial do hotel.
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5) A inspiração: Certa noite em 1974 no Hotel Stanley, situado nos arredores de Denver, Stephen King (o único hóspede do dia) acordou de um pesadelo em que seu filho de três anos era perseguido no corredor do hotel por um homem com um machado. O escritor resolveu então, para acalmar os nervos, levantar de sua cama, admirar a vista das montanhas rochosas e fumar um cigarro. No tempo em que levou para fazer isso, teve a ideia para escrever o livro. O número do quarto? 217, obviamente.
O mesmo Hotel foi usado como cenário das filmagens do filme homônimo, dirigido por Stanley Kubrick e lançado em 1980.
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6) O filme polêmico: O filme é cercado por tantos mitos e histórias, que merecia ter um texto a parte.
6.1: No livro, o apartamento em que tudo acontece é o 217, mas no filme, o número mudou para 237 (quarto inexistente no Hotel Stanley). Isso aconteceu devido ao receio do proprietário do hotel de que o quarto não fosse mais alugado, o que não se tornou uma verdade, pois devido ao citado no item 5, o quarto 217 acabou se tornando o mais requisitado por celebridades, e recebeu até o imperador do Japão.
6.2: Durante as filmagens, Kubrick costumava ligar para King para fazer perguntas estranhas do tipo: Você acredita em Deus?
6.3: Stephen King odiou o filme. Para ele, foi feito um filme frio, que nada tinha a ver com a ideia inicial. O autor comparou os personagens na versão para as telas à formigas em uma fazenda, como pequenos insetos fazendo coisas interessantes. O casal Torrance não foi poupado, para ele, o Jack de Nicholson era louco desde o início e o ator apenas repetia sua atuação de filmes passados. Já Wendy não foi retratada com a profundidade necessária, e a personagem interpretada por Shelley Duvall só serviu para ser burra e gritar.
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7) A Série que agradou o autor: King deve ter ficado mesmo muito aborrecido com a versão de Kubrick, pois em 1997 resolveu colocar a mão na massa e produzir ele mesmo sua versão, dessa vez mais longa e para a tv. A versão do autor para o clássico, tem mais de três horas de duração, e teve que ser divida em três episódios. A mini-série possui todos os elementos do livro, e conta com momentos clássicos como Danny no jardim com os arbustos de animais. A série é boa, mas não fez o mesmo sucesso do filme.
P.S: Para promover o lançamento, o escritor autorizou a republicação nesse ano de Before the Play.
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Agora é ler e reler o livro, e esperar pelo lançamento de Doctor Sleep por aqui.