A literatura gótica surgiu em meados do século XVIII, mais especificamente em 1765, quando O Castelo de Otranto, de Horace Walpole, foi escrito. Logo após, surgiram outras obras, como o famoso Vathek, o califa maldito, de William Beckford, este, aliás, que foi considerada a bíblia de Edgar Allan Poe.
Repletas de escuridão, masmorras de castelos medievais, criptas e tetos abobadados, as primeiras obras góticas surgiram como uma forma de reação contra o Racionalismo. Ou seja, uma maneira de não deixar-se levar pela dolorosa solidão e sofrimento, seria a crença em unidades e seres extraordinários, na existência de outro mundo não dominado pelo homem, algo além do palpável. Um retorno às épocas antigas, deixando um pouco de lado a explosão científica que acontecia por toda a Europa.
Um exemplo é o conto do califa Vathek, um dos primeiros registros da literatura gótica, em que o personagem principal, em busca de um poder sobre-humano, passa por inúmeras diversidades, para no final adentrar em um submundo repleto de dor e sofrimento.
Em 1820, por consequência das brincadeiras de invenção de contos de terror, propostas por Lord Byron para um grupo de amigos reunidos em torno de um lago, surgiu Frankstein (ou O Moderno Prometeu), escrito pela jovem Mary Shelley. Assim a escritora relembrou, em 1831: “Foi com certeza um verão molhado, a chuva incessante, muitas vezes confinou-nos dias dentro de casa”. Entre outros assuntos discutidos, em um dos dias que passaram confinados, a conversa virou-se para as experiências do filósofo natural e poeta Erasmus Darwin, do século XVIII, que disse ter animado matéria morta, e do galvanismo e a viabilidade de retornar à vida um cadáver ou partes de um corpo. E, desta conversa, Mary Shelley concebeu uma das histórias mais contadas, recontadas, adaptadas e relembradas dos últimos séculos.
Outros escritores da novela gótica clássica são Ann Radcliffe, William Godwin, Matthew Lewis e Charles Robert Maturin.
A nova ‘leva’ de obras góticas teve início com duas publicações quase simultâneas, de nomes parecidos: Nightmare Abbey, de Thomas Love Peacock e a obra póstuma Northanger Abbey, da inglesa Jane Austen.
Em 1891 é publicado a célebre obra de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray. Com a evolução da “estética gótica”, surgiram, então, os primeiros contos vampirescos. A primeira e principal obra no desenvolvimento do mito literário moderno do vampiro foi Drácula, de Bram Stoker, publicado em 1897. Tal romance foi adaptado muitas vezes, especialmente para o cinema e teatro. O conde-vampiro foi usado em muitas histórias e paródias independentes do romance original, sendo usado até hoje por diversos autores em diversas mídias, um tema recorrente na cinematografia mundial.
Na segunda metade do século XX, Anne Rice publica a obra fruto de sua dor e da tentativa de perpetuar sua filha morta aos seis anos em uma menina vampiro. Assim nasceu Entrevista com o Vampiro (escrita em 1973 e recusada para sua publicação em várias editoriais até 1976). Foi a primeira obra da série dos que viriam mais tarde, em estilo gótico, repletos de obscuridade e vampiros.
Em um próximo texto, falarei mais sobre a literatura gótica, citando os principais elementos, personagens e sutilezas deste gênero tão obscuro e instigante!