“Amazônia”, de Sebastião Salgado, traz recortes da maior floresta tropical do mundo

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“Amazônia”, de Sebastião Salgado, traz recortes da maior floresta tropical do mundo

As fotografias documentais de Sebastião Salgado retratam recortes da maior floresta tropical do mundo.

Sebastião Salgado na Amazônia - Suruwaha - Especiais - Especiais - Folha de S.Paulo
Fotografia de Sebastião Salgado, Amazônia

Retratando o maior bioma brasileiro

Embora a Amazônia ocupe 49% do território brasileiro, poucos têm a real noção de sua dimensão. O fotografo e ativista brasileiro Sebastião Salgado – conhecido pelos seus projetos Gênesis (2013) e Êxodos (2000) – faz um recorte fotográfico desse espaço como um alerta à preservação e traz o devido reconhecimento ao maior bioma brasileiro.

A conclusão do seu trabalho ocorre em meio a uma situação de desmatamentos constantes e suspeitas de exportações ilegais de madeira, permitidas pelo IBAMA e pelo Ministério do Meio Ambiente, sob o governo Bolsonaro.

Fotografia como documento geográfico

A fotografia documental de Salgado exerce um papel de reconhecimento espacial e um manifesto de preservação, que pode alcançar outros atores sociais por meio da estética fotográfica.

Foram registrados os rios aéreos, nunca antes fotografados, além do Pico da neblina – o mais alto do país – e tempestades que acontecem na floresta quase impenetrável.

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Rios aéreos, Sebastião Salgado

Com mais de 200 fotografias, Salgado não deu forma apenas às montanhas desconhecidas, mas aos povos originários que ganharam rosto na narrativa nacional, com o registro de dez grupos indígenas da região tirando-os do anonimato, como os grupos Awá, Yawanawá, Asháninka e Korubo.

Em sua maioria, os recortes utilizados para fotografar os indígenas são em ações de movimento. Mas além de capturar a imagem de suas tarefas diárias, o fotografo também criou um estúdio improvisado com panos para fotos posadas.

O estilo realista de Sebastião Salgado

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Sebastião Salgado, Amazônia

Assim como seus projetos antigos, a fotografia em “Amazônia” utiliza a hiperprofundidade para alcançar o aspecto realista, similar à visão humana.

O uso do contraste expõe os detalhes e texturas de cada elemento composto, muitas vezes com ações simultâneas nos diferentes planos de uma mesma imagem para que seja possível ter a ideia do contexto como um todo, e não apenas um pequeno recorte da situação.

Preto e branco

O preto e branco em sua tonalidade específica, característica marcante em sua fotografia, não é natural para o olho humano.

Transformar o mundo nestas duas cores permite o impacto da narrativa da fotografia que muitas vezes se aproxima de uma pintura, além de proporcionar um ar surreal para as fotos com o uso da luz, semelhante à estética barroca na qual se inspira.

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Sebastião Salgado, Amazônia

Salgado diz que as cores em uma imagem podem ser muito distrativas, e assim, não permitir que o foco esteja na cena representada.

Embora Sebastião Salgado acredite que uma foto não possa mudar o mundo, como disse em entrevista ao El Pais, ele faz sua parte para alertá-lo.

O fotografo luta pela preservação da mata e da segurança das comunidades indígenas, de forma que sua vida política se mistura com a arte – ou na verdade, significam a mesma coisa.

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