Crônica: FastER Food – Diogo Marins Locci

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Antes da tendência de se usar o celular na mesa, outra epidemia tomou conta dos restaurantes e das lanchonetes em uma frequência muito alta, mas que apesar de seu potencial, foi tolhida pelos twitteiros e viciados em eletrônicos em geral, que não tardaram a roubar a cena.

A epidemia a que me refiro não foi espalhada pelos clientes e suas atitudes dentro dos restaurantes, muito pelo contrário, veio do outro lado para tentar criar um novo costume nos clientes.

Bem…O costume foi adotado e nós mal percebemos.

Alguns garçons já não querem nossa presença nos restaurantes nem por 15 minutinhos! O atendimento tem que ser rápido. De preferência feito pra acabar antes que você termine de comer. É isso mesmo. É muito mais fácil enfiar o resto de x-salada com três batatas fritas moles num pote de isopor e enxotar o cliente do que esperar que ele mordisque cada pedaço do suntuoso lanche.

Os olhos de alguns garçons brilham ao ver que alguém está comendo sozinho. É o sinal claro de que esse é um dos que não vai demorar. Comer sozinho continua sendo um saco no século XXI (Os garçons mal esperavam pelos celulares com acesso a Skype, WhatsApp e demais aplicativos que fariam os solitários comerem com alguma completitude e com mais da desesperadora demora).

Existem garçonetes que olham para seus papeizinhos e para as mesas do lado para ver se vão lucrar muito ou pouco, se esquecendo do atendimento atual que não deve valer de nada, já que enquanto o chato fica especificando que quer o seu lanche sem maionese, ela já podia ter corrido pra atender sete caras que querem x tudo e coca cola. Simples assim.

Tem também os atendentes que não deixam você escolher o que quer com calma. Passam na sua mesa de três em três minutos (sem nem trazer um miojo) e insistem nos “Já escolheu?”, “O que vocês vão querer?” e “Posso trazer bebida?”.

Eu não teria conselho nenhum pra esse pessoal, afinal de contas acho que eles nem iriam me ouvir, já que a minha mesa só tem um suco de limão com leite – feito com muito estranhamento já que ninguém gosta de limão com leite – enquanto a mesa do cara do meu lado tem uma porção de frango à passarinho trazida pra se esperar a esposa que certamente vai querer um lanche dos grandes. Também não adianta dizer mais nada pelo fato de a epidemia já ter se travestido por entre o costume dos celulares. Agora os garçons tem um válido motivo pra se irritar com quem não pede as coisas. Eles atrapalham o serviço do restaurante, já que não sobram mesas, ocupadas apenas com uma infinidade de aparelhos.

Eu cansei de ter que voar pra comer. A lanchonete não devia ser uma linha de produção. Deixem meu suco em paz, garçons e garçonetes apressadinhos! Pelo menos não são todos, como também não são todos os que vão precisar do celular enquanto jantam ao meu lado. E assim vou seguindo com os estranhos remanescentes das velhas pedidas, como a de perder tempo e jogar conversa fora em uma lanchonete pouco movimentada. É provável que o fast food esteja se misturando com o fast forward, famoso quando queremos alcançar AQUELA cena em um filme qualquer. Comer com pressa é incompleto demais. É quase como perder a graça do resto do filme a que apertamos o fast forw

[o garcom me disse que o expediente ja esta acabando. eu tenho que ir. as letras maiusculas e os acentos vao ficar pra depois. escrever depressa no celular é dfiici]

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