Quanto e o que o brasileiro lê?

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Pesquisa do Instituto Pró-Livro aponta quanto e o que o brasileiro lê

Esses livros são lidos?

A pesquisa do Instituto Pró-Livro, divulgada em 18/05/16, apresenta os hábitos de leitura dos brasileiros e os gêneros favoritos. Levantamento foi feito em todo o País e também destaca os autores mais lidos.

O Brasil tem hoje 104,7 milhões de leitores, cerca de 56% da população do País. Desse universo, é cada vez maior o número de leitoras e cresce o número de mulheres que gostam de ler, sendo que 59% são do sexo feminino. Os dados são da pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro e realizada pelo Ibope Inteligencia intitulada Retratos da Leitura no Brasil, que indicou ainda que o brasileiro lê, em média, 2,54 livros inteiros ou em partes em um período de três meses. Em primeiro lugar aparece a Bíblia com o maior índice de procura, mas o estudo destaca que, por conta própria (25%), os entrevistados também se interessam por romances, contos, poesia, gibis, HQs e livros religiosos, além dos didáticos.

Apesar do ceticismo habitual em relação aos hábitos de leituras dos brasileiros e do senso comum que diz “brasileiro não lê”, a pesquisa, que está na quarta edição, demonstra dados que podem ser analisados por diversos ângulos e podem direcionar políticas públicas de incentivo e acesso à leitura. O Ibope Inteligência realizou entrevistas com uma amostra de 5012 pessoas, acompanhando a série histórica dos levantamentos realizados desde 2007. De lá para cá, pistas de mudanças expressivas na maneira como se lê e as plataformas de leitura utilizadas oferecem indicativos das ações que devem balizar o fomento a leitura, conforme Marcos Pereira da Veiga, presidente do Instituto Pró-Livro.

Esse universo de 104,7 milhões de leitores contempla a população a partir de cinco anos de idade, alfabetizada ou não. Boa parte dos leitores (42%) vive na região Sudeste, seguido do Nordeste (28%), Sul (14%) e Norte (8%) e Centro-Oeste (8%), sendo que o maior número de pessoas (24%) vive nas capitais. Do número total de leitores, 49,9 milhões ainda estão estudando e estão no Ensino Médio (33%).

Apesar do grande montante de pessoas em idade escolar, é maior o número dos que buscam a literatura por gosto (25%), cultura e conhecimento (19%) e distração (15%). A faixa etária que está entre os 14 e 24 anos compõem o maior número de leitores, de acordo com a pesquisa. Em relação às práticas de leitura, 75% leem em papel e 6% em plataforma digital, com destaque para leitura em celulares. O levantamento indica que 30% busca o livro por tema/assunto, 11% por meio de dicas de amigos e familiares, 12% pelo autor, 11% é estimulado pela capa, 7% por professores e 5% definem as escolhas através de críticas e resenhas. Os romances são os mais buscados por jovens da faixa etária citada (22%). Os brasileiros também leem cada vez mais em meios de transporte, como ônibus, trens e metrôs. E a pesquisa indica que, nesses casos, a plataforma escolhida é o celular (11%).

A pesquisa dividiu os entrevistados em dois grupos: os leitores (que leram inteiro ou em parte pelo menos um livro no período anterior a três meses da realização da entrevista) e os não leitores, aqueles que não tiveram acesso a nenhuma obra no mesmo espaço de tempo. Dentre os leitores, 77% alegaram que gostariam de ter lido mais. Desses, 43% indicaram que não leram por falta de tempo. Já no universo de não leitores, 32% disseram não ter tempo e 28% não gostam de ler. Segundo Rose Rosendo, do Ibope Inteligência, o aumento médio da escolaridade do brasileiro fez diminuir o número de pessoas menos predispostas à leitura.

No que se refere ao acesso e consumo, 43% compram livros. Os destaque são outros 23% que recebem de presente e 21% que pegam emprestados. “Isso indica uma rede literária formada por amigos e familiares”, destaca a pesquisadora.

No que se refere a livros digitais, 61% declararam gostar muito de ler. Desse núcleo de entrevistados, 83% leem romances e contos no formato digital. As leituras ocorrem em celular (56%) ou tablets (18%). Dos leitores de livros digitais, 87% baixou gratuitamente na internet e 15% fez o download em lojas virtuais.

Na internet, os leitores buscam informações sobre literatura em sites e blogs especializados (19%), gostam de fanfiction (8%) e a faixa etária mais interessada em informações sobre livros na internet tem entre 18 e 24 anos.

É cada vez menor a predominância do professor na indicação de livros. A pesquisa também apresenta os autores mais citados pelos entrevistados que são educadores. Os autores mais lembrados foram Augusto Cury, Chico Xavier, Gabriel Garcia Marquez, Paulo Freire, Benny Himn, Ernest N. Maglischo e Içami Tiba.

As bibliotecas também têm papel predominante no acesso à leitura, sendo que 65% vão ao local para pesquisar e estudar e 37% por prazer. Porém, 58% diz não encontrar acervo adequado ou renovação dos títulos. Boa parte (51%) procura bibliotecas públicas e cresceu para 4% o número de pessoas interessadas nos modelos comunitários. Esse índice era zero na pesquisa anterior, feita em 2011. Outros 2% buscam bibliotecas circulantes.

Os entrevistados também foram indagados sobre os livros que leram no período: os mais citados foram a Bíblia, Diário de um banana (Jeff Kinney) e A Culpa é das Estrelas (John Green), dentre outros, com grande predominância para autores e temas religiosos. Mas no que se refere a autores que os entrevistados mais gostam, foram citados Monteiro Lobato, Machado de Assis, Maurício de Souza e Paulo Coelho.

Os indicativos de evolução do País em relação à leitura estão nos dados da pesquisa que revelam que cresceu o número de pessoas que gostam muito de ler: 30% ante 25% do levantamento de 2011. O caminho é longo para aumentar ainda mais esse universo de leitores no País. Mas as crianças entre cinco e 13 anos estão entre o público com maior propensão a gostar de ler. E a mães ainda são as maiores incentivadoras.

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