Bacia das Almas – confissões de um ex-dependente de igreja – de Paulo Brabo é um livro intrigante, especialmente para mim. Depois de tanto ouvir falar do autor resolvi lê-lo. Paulo Brabo é um curitibano de quarenta anos, ilustrador, mora em uma fazenda próxima à Curitiba que ele intitula de “Monastério de São Brabo”. O sujeito, um tanto esquisito o que me agrada, é um crítico pessimista da sociedade. Quase que diariamente deposita seus pensamentos no blog Bacia das Almas (www.baciadasalmas.com), que deu título ao livro.
Há de se abrir um parêntese para destacar o trabalho da Editora Mundo Cristão no livro. Ótima diagramação e edição, e uma capa impecável que joga na sua cara do que se trata o livro, ou não.
Um dos pensadores que mais tem influenciado meu pensamento se chama Ed René Kivitz, e ele escreve na contracapa do livro:
Sendo verdadeiro que “originalidade é a arte de esconder as fontes”, nesta bacia das almas você acaba de descobrir uma das minhas mais privilegiadas. Considero Paulo Brabo leitura obrigatória para quem compreende que a teologia não está pronta e tem coragem para enfrentas o desafio constante da ressignificação da fé.
Meu amigo Jackson Vieira, do blog Pensante Cristão (pensantecristao.blogspot.com), classificou o livro da seguinte forma:
Este livro desafia toda teologia, tudo que você esta acostumado a ler e escutar. Quando você tiver coragem e se sentir preparado pra ser questionado e desafiado, leia esse livro.
Sinceramente, o que mais me surpreendeu no livro foi achar um sujeito que expõe sua opinião sobre vários assuntos e em praticamente nenhum eu discordo. Senti-me como se olhasse para minhas próprias reflexões e as visse desenvolvidas e com muito mais profundidade.
Vale ressaltar que o livro é uma coletânea dos textos de Brabo em seu blog, já citado o endereço, entre março de 2004 e março de 2009. Entre os vários artigos alguns dos meus preferidos são: A carta roubada, Confissões de um ex-dependente de igreja, O culto do ócio, Minha fé não é aquilo que acredito, Em louvor dos pecadores, O evangelho do Google, A Bíblia na Linguagem de Hoje, Joseph Campbell e o monomito, Microssalvamentos – Como salvar o mundo um instante de cada e Os livros não mudam ninguém. Todos eles, com exceção do último, você pode encontrar no blog.
Para encerrar vou deixar um dos textos do livro, mostra um pouquinho da ironia crítica de Brabo:
Algo de bom ele deve ter
Estava em determinada capital do país, hospedado na casa de um amigo, quando ele anunciou que viria almoçar conosco naquele dia um camarada que queria me conhecer, um vereador daquela cidade.
– Ele também é pastor – esclareceu meu amigo.
– Mas ele não tem nenhuma virtude? – não resisti.