Resenha: Muito barulho por nada – William Shakespeare

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A saudade das peças shakespearianas fez-me recorrer à comédia Muito Barulho por Nada. Apresentada pela primeira vez em 1598/1599, a peça continua atual, expondo de maneira prodigiosa as palavras do bardo – e Tolstói, que falava mal dele nas frias terras russas, que me desculpe, mas Shakespeare é genial na construção de seus textos.

Em Muito barulho por nada (Much Ado About Nothing, no original em inglês), o leitor encontra a cidade italiana de Messina envolta nas confusões amorosas apresentadas aos poucos. Logo no começo da história, Cláudio e Hero se tornam noivos, esperando pelo casamento que ocorrerá dentro de uma semana. Durante este tempo, com o intuito de se divertirem, Claudio e Dom João, príncipe de Aragão, armam um enlace para unir Beatriz e Benedito; ambos defensores da ideia que nunca irão se casar; além do fato de viverem a disparar ofensas um contra o outro. Neste contexto, surge ainda a figura de Dom João planejando sabotar o grande casamento da história, pois está enciumado da relação do irmão, Dom Pedro, e Cláudio..

Shakespeare constrói suas peças através de diálogos dignos de uma história que se propõe a entreter. Sim! Querido leitor; o escritor inglês escrevia com o intuito de propiciar uma experiência que envolvesse o seu expectador. Isto nos ensina pelo menos uma coisa: “não é por que determinado tipo de literatura tem a proposta de entreter, que ela é menor”. Outro detalhe que acaba por nos deixar um ensinamento, é que não podemos julgar quais livros que lemos de autores atuais que se tornarão clássicos.

Antes de finalizar a resenha, chamou-me a atenção um diálogo onde aparece uma fala racista na peça. Não vou revelar o contexto, com intuito de não estragar a experiência de leitura de quem ainda não leu. No entanto, no trecho a que me refiro, um personagem ao ser indagado se cumpriria a sua promessa de tomar a mão de determinada moça, responde: “mesmo que fosse negra e etíope”. Por que achei válido ressaltar isto? Em virtude da recente polêmica sobre a possível retirada de alguns livros de Monteiro Lobato das escolas, pois alguns afirmavam haver referências ao racismo. Pergunto, será que o governo inglês proibiu suas crianças de lerem esta peça pela mesma razão? Espero que não. Foi uma questão de contexto da época.

Para concluir, é uma excelente dica de leitura; e que mesmo muitos amantes da obra de Shakespeare, ainda não leram.

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