Revista Babadeira: Teatro de Revista para os dias de hoje

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Revista Babadeira: Teatro de Revista para os dias de hoje
Elenco de Revista Babadeira. Crédito: Alex Santana

Revista Babadeira se propõe a ser uma versão atualizada e inclusiva do teatro de revista, com um elenco de drag queens.

Elenco de Revista Babadeira. Crédito: Alex Santana

Uma proposta diferente

O teatro de revista, um gênero teatral que ficou muito popular no século XX, foi criado com base no gênero francês vaudeville. No Brasil, entre suas características marcantes, estavam a exposição do corpo da mulher, que, em especial nos tempos de hoje, entendemos como símbolo de machismo e opressão contra mulheres.

A proposta da peça Revista Babadeira  é revisitar o Teatro de Revista com as formulações necessárias para que, além das opressões serem superadas, outras pautas possam ser incluídas. Assim, o projeto é todo direcionado para artistas drag queens.

Do que trata a peça

No enredo, duas personagens estão em busca de um tema para produzirem uma peça de teatro. Com ajuda dos deuses do Olimpo e com o encontro de um sertanejo recém chegado a São Paulo depois de ter sido expulso pela família homofóbica, a peça se desenrola com músicas inéditas acompanhadas por instrumentistas em cena.

A ficha técnica é impecável (ao final deste texto estão citados todos os nomes de artistas envolvidos no processo), o que garante um espetáculo de qualidade indubitável e uma noite deliciosa de risos.

Durante mais ou menos duas horas de espetáculo e 18 quadros, temos, além de um teatro dos bons, uma aula sobre Teatro de Revista, pois todas as características estão perfeitamente colocadas na peça. Mas a aula não é só de teatro. Em um dos números cantados, por exemplo, o elenco nos ensina a sigla atualizada do movimento LGBTQIA+, o significado e a importância de cada letra. De forma leve e pontual faz as devidas críticas ao ex-governo federal e a herança maldita deixada por ele.

Um novo teatro de revista

Durante muito tempo o Teatro de Revista serviu para satirizar as minorias políticas como pessoas negras, indígenas, mulheres e até pessoas mais velhas. Eram todas motivos de escárnio e motes para piadas em cena. Com o tempo, entendendo que essas atitudes internalizam opressões, esse gênero teatral caiu em desuso e hoje quase não se vê em cartaz. Graças à iniciativa do grupo, podemos ter na íntegra a experiência de um Teatro de Revista realizado de uma forma inteligentíssima que, além de não excluir, inclui.

Recomendo fortemente! É um espetáculo democrático (desde o ingresso gratuito e a localização próximo a um metrô da linha vermelha), inteligente, muito bem feito, o que denota um grande respeito e cumplicidade com o público. Evoé!

Ficha técnica


Pesquisa, dramaturgia e direção:
 Neyde Veneziano.
Roteiro: Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz, Thelores Drag e Alexia Twister.
Direção musical: Dagoberto Feliz.
Elenco: Alexia Twister, Antonia Pethit, Aprill XO, Divanna Kahanna Montez, Ginger Moon, Josephine Le Beau, Lacana Botafogo, Mercedez Vulcão, Thelores Drag. Participação especial: Tony Germano. Músicos: Daniel Baraúna, Demian Pinto.
Trilha especialmente composta: Danilo Dunas.
Direção musical: Dagoberto Feliz. 
Assistência de direção musical: Demian Pinto.
Cenário e figurinos: Kleber Montanheiro.
Desenho de luz e operação: André Lemes.
Coreografia: Paula Flaibann.
Identidade visual: André Kitagawa.
Assistência de produção: Clara Boucher.
Assistência de direção: Zyon Colbert.
Direção de produção: Zyon Colbert. Assessoria de Imprensa – M. Fernanda Teixeira, Macida Joachim/Arteplural.
LOCAL: Espaço Cia da Revista. Alameda Nothmann, 1135, Santa Cecília.
TEMPORADA: Sex. e sáb., 21h. Dom., 19h. Até 19 de março
GRATUITO (os ingressos podem ser retirados pelo site sympla ou, na lista de espera uma hora antes na bilheteria do teatro no dia da apresentação)

Créditos HL

Esse texto é de Poliana Pitteri para nossa coluna HL em cena. Ele teve revisão e edição de Nicole Ayres, editora assistente do Homo Literatus.

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