Todos estes livros adaptados para o cinema

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Alfred Hitchcock, um os diretores que mais adaptou livros para o cinema

Tyler Durden, interpretado por Brad Pitt no Clube da Luta, diz a Jack (Edward Norton) em certo momento da trama que se tivesse que escolher alguém famoso, vivo ou morto, para lutar, esse alguém seria Ernest Hemingway. A pouco mais de um mês para a entrega do Oscar 2014 pensei numa das características do cinema hollywoodiano: a adaptação. Muitos dos filmes da indústria ianque são exatamente isso, adaptações. A própria fita do David Fincher é adaptada do livro homônimo do Chuck Palahniuk.

Desde o vencedor da estatueta de melhor filme em 1990, Conduzindo Miss Daisy, que é baseado em uma peça off-Broadway, nada menos  do que 13  dos ganhadores do prêmio máximo da Academia eram filmes com roteiro adaptado. E sem falar de outros clássicos, que também foram laureados anos antes, como O Poderoso Chefão (1973), Um estranho no Ninho (1976), e Platoon (1987), entre outros.

Na edição deste ano, dos nove indicados a melhor filme, quatro são adaptações (Capitão Phillips, Philomena, 12 Anos de Escravidão e O Lobo de Wall Street). Nunca li nada sobre isso, mas não ficaria surpreso se alguém resolvesse contabilizar os números e viesse me dizer que a cinematografia americana é a que mais adapta obras literárias para o cinema. Isso é tão presente nas telonas do Tio Sam que há até um Oscar para Roteiro Adaptado.

Há quem diga que Alice no país das maravilhas, do Lewis Carrol, foi o primeiro livro a ser adaptado para o cinema, em 1903, quando a sétima arte, que ainda não era reconhecida como tal, tinha apenas oito anos de existência. Então, não é de hoje o desejo de ver os personagens de um romance a 24 quadros por segundo. Vou chutar: Hollywood investe nas adaptações porque possui dinheiro de sobra para comprar os direitos de uma obra e porque o cinema americano, na maioria dos casos,  é adaptado ao mercado, ao que o produtor acredita que o público vai pagar pra ver, aquilo que mais tem chances de dar certo e render milhões de dólares.

Olha quantos super-heróis tiraram a naftalina do figurino nos últimos anos, para serem vistos no escurinho do cinema.  E os filmes extraídos dos livros do Harry Potter,  do Senhor dos Anéis, do Hobbit, da saga Crepúsculo, dos best-sellers do Dan Brown e do Jogos Vorazes. Há, ainda, os que virão da trilogia de 50 Tons de Cinza, que em breve chegará aos cinemas a primeira parte, e de A Menina que Roubava Livros, que estreou ontem.

Ter um roteiro adaptado não desmerece um filme, acredito. Assistam os filmes do Kubrick, que embora não seja um cineasta hollywoodiano, pois não quis se curvar aos desejos dos produtores, são, quando não geniais, no mínimo, instigantes. Ele adaptou para o cinema livros como Lolita, do Nabokov, O iluminado, do Stephen King e Laranja Mecânica, do Burguess, entre outros.  O curioso é que nenhum dos três autores gostou dos filmes que nasceram a partir de suas obras.

O cinema brasileiro também tem filmes incríveis que nasceram da literatura. O Vidas Secas (1963), que Nelson Pereira do Santos fez a partir da obra do Graciliano Ramos, talvez seja o exemplo mais perfeito do que venha ser uma excelente adaptação. Há também o Cidade de Deus (2001) tirado do singular livro do Paulo Lins. As adaptações que o Ruy Guerra fez do La mala hora, do Gabriel García Márquez, e Estorvo, do Chico Buarque, são notáveis.

Talvez o maior adaptador do cinema seja Hitchcock, segundo o Zeca, que é um ex-cineasta marginal e protagonista do Pornopopéia, romance do Reinaldo Moraes – um dos melhores livros lançados no Brasil neste século. “Aliás, o Hitch só se valia de noveletas populares de segunda ou mesmo de quinta categoria, de onde tirava somente o plot básico e os personagens principais. No ‘Psicose’, por exemplo, ele mandou o estúdio comprar todas as cópias do livro do Tal de Robert Bloch, autor da história, para que ninguém soubesse o final”, diz o personagem.

Mas Zeca ainda afirma que é ridículo adaptar livros para o cinema. “Quer saber o que eu acho? Adaptação – leia-se avacalhação – de obras literárias é pirataria oportunista de subcineasta com palavratório na cabeça e uma câmera na mão. E fodam-se as centenas de filmes brilhantes extraídas de textos literários que alguém poderia me jogar na cara – Hitchcock incluso.”

Dizem que Pornopopéia será adaptado para o cinema.

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