“O idiota”, um clássico de Dostoiévski em quadrinhos

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“O idiota”, um clássico de Dostoiévski em quadrinhos

Clássico de Fiódor Dostoiévski, O idiota, foi adaptado para quadrinhos pelo artista carioca André Diniz, influenciado pela arte africana e xilogravura

O idiota em quadrinhos HL
O idiota (Quadrinhos na Cia., 2018)

Adaptação para os quadrinhos de O idiota, clássico de Fiódor Dostoiévski, teve lançamento em 2018, pelo selo Quadrinhos na Cia, da Companhia das Letras. Foi feita por André Diniz, roteirista e desenhista. Seu trabalho tem um estilo duro, seco e cortante. Além disso, suas fontes de inspiração estão na arte africana e na técnica da xilogravura.

O processo de adaptação de O idiota

Essa HQ foi lançada primeiramente em Portugal, em 2017, pela editora Levoir.  Somente em 2018, conforme mencionado anteriormente, saiu no Brasil. A adaptação de O idiota começou a ser produzida entre 2010 e 2011. Foi um dos mais difíceis trabalhos do artista e que, por motivos pessoais, levou alguns anos para ficar pronto.

Em matéria para o jornal O Globo, André Diniz declara:

— Cheguei a desenhar mais de cem páginas, mas interrompi a produção em 2013, por conta de uma depressão e estafa crônicos. Retomei a produção em 2016, já com outros olhos, e decidi refazer boa parte do roteiro e redesenhar tudo do zero, num estilo diferente.

O idiota em quadrinhos

Diniz transporta o drama protagonizado pelo humanista e epilético príncipe Liév Míchkin, personagem na obra original, para a linguagem sequencial, própria dos quadrinhos. Sem modificar, contudo, grandemente os elementos da trama original.

Por meio dos quadrinhos, Míchkin tem suas características excêntricas mantidas. A adaptação de Diniz consegue, quase sem diálogos, mostrar o idiota se desmoronando em meio a complexas relações ideológicas na sociedade em que vive, que é corrompida pelo dinheiro, pela ganância humana e, também, repleta de hipocrisia.

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A adaptação consegue manter todas as questões artísticas e políticas da Rússia, expressas no texto do mestre russo. Claro que de modo não panfletário, pois Dostoiévski sempre apresentou tais questões, mas de modo incandescente e até velado.

Além disso, a cena do crime, muito bem ilustrada, extrapola genialmente as qualidades literárias do romance. Faz com que fiquemos presos diante os momentos dramáticos. Os cortes súbitos nos deixam sedentos pelo desfecho, mesmo que já saibamos o que vai acontecer.

Obs.: a existência do crime não é um segredo e talvez nem spoiler, porque é característico haver situações desse tipo em obras de Dostoiévski.

O romance do mestre russo

Não leu O idiota, de Fiódor Dostoiévski? Saiba um pouco sobre essa obra literária lendo a resenha “Vale a pena ser bom? O Idiota, de Dostoiévski, nos dá a sua resposta”, da nossa colaboradora Carolina Prospero.

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