Especial: Nossas leituras favoritas de 2015

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Qual é a sua leitura favorita desse ano?

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A pergunta à queima-roupa persiste, mas a gente encara numa boa. O difícil é escolher só uma no meio de tantas boas leituras. Confira as leituras favoritas da nossa equipe!

 

Nicole surpresa com o Crime
Nicole surpresa com o Crime

Um Crime Delicado, de Sérgio Sant’anna – por Nicole Ayres

Em “Um Crime Delicado”, de Sérgio Sant’Anna, o narrador em 1ª pessoa, Antônio Martins, crítico de arte, se defende da acusação de estupro da modelo Inês Brancatti. Enquanto narra sua estranha obsessão pela moça, ele discute questões como o valor da arte, a impossibilidade do julgamento impessoal e a fama que o próprio adquiriu, não (apenas) pelo talento, mas pelo escândalo judicial, o que acabou impulsionando sua carreira. Com uma linguagem dúbia, incapaz de expressar concretamente os fatos, “Um Crime Delicado” é o tipo de livro que deixa mais perguntas do que respostas ao final, como toda boa obra de arte.

 

A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli – por Silvano Filho

Silvano não perde a Cabeça
Silvano não perde a Cabeça

Uma enorme cabeça abandonada de uma estátua de Santo Antônio, um órfão buscando suas raízes paternas, uma cidade esquecida, cheia de segredos e generosas porções de realismo mágico formam este livro que foi minha melhor

leitura de 2015. A autora nos transporta para o sertão místico, recheado de crendices. Com capítulos curtos e uma escrita primorosa, Socorro Acioli leva para o seu primeiro romance adulto a delicadeza e simplicidade muito atribuídas às obras infantis e isso não diminui em nada as qualidades deste romance. O humor é um elemento presente de forma sutil, sem interferir no drama das histórias.

 

A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera – por Fabrício Bittencourt

It's me, Milan!
It’s me, Milan!

Comprei em um sebo uns dois anos atrás, já havia lido uma resenha, e mesmo assim a obra esperou na minha pilha de livros a serem lidos uns dois anos até realmente ser lida. Acabei me fascinando com ela e mesmo tendo lido esse ano bons livros, me sinto mais inclinado a considerar A Insustentável Leveza do Ser como o melhor dos livros que li em 2015. A história se passa em Praga a partir dos anos de 1968 e daí prossegue por anos contando sobre a vida, amores e desamores de quatro importantes personagens: Tomas, Sabina, Teresa e Franz. Mas o mais bacana é a utilização de conteúdos filosóficos, por parte de Milan Kundera, ao longo do da obra. Faz-se referência a autores como Parmênides e Nietzsche e a conceitos como O Eterno Retorno. O que mais posso falar? Leia esta obra, vale a pena!

 

Que notícias trazem esses lábios?
Que notícias trazem esses lábios?

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos Lábios, de Marçal Aquino – por Carolina Prospero

Neste ano de 2015, redescobri o escritor Marçal Aquino, nome que eu tinha na cabeça desde a adolescência por conta de alguns livrinhos da Coleção Vaga-Lume. Gostei demais do seu romance “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, que além desse escândalo de título, traz uma história das mais intrigantes. No interior do Pará, o fotógrafo Cauby se envolve com a misteriosa Lavínia, esposa de um pastor evangélico, o que os transforma em alvos dos pérfidos habitantes da cidadezinha, como o pedófilo Chang e o jornalista de fofocas Viktor Laurence. Com uma escrita direta, límpida e habilidosa na construção de imagens, esse livro explora os limites de um homem perdido em sua obsessão.

 

Carina Niketche
Carina Niketche

Niketche:uma história de poligamia, de Paulina Chiziane – por Carina Carvalho

“A dança do sol e da lua, dança do vento e da chuva, dança da criação” – assim é retratado o movimento amoroso em Niketche: uma história de poligamia, da escritora moçambicana Paulina Chiziane. O livro cativa pelo mergulho no universo de Rami, que, depois de descobrir as outras quatro mulheres de seu marido, decide ir atrás delas e assim envolver-se no turbilhão do contexto poligâmico, lidando com seus paradoxos e dificuldades. A leitura se mostrou interessante sobretudo pela travessia subjetiva por que a protagonista passa, dando voz, com força e bom humor, a mulheres cuja existência é tão frequentemente subjugada.

 

Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie – por Estela Santos

Estelacanah
Estelacanah

Começo dizendo que 2015 foi um ano complicado para leituras “aleatórias” (leia: não acadêmicas), mas entre um livro teórico e outro fui lendo algumas obras literárias. Americanah foi o livro que me mais me chamou a atenção. Trata-se de um romance, escrito pela nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, sobre o amor entre Ifem e Obinze, não de uma forma idealizada e romântica demais, e sobre a questão racial de forma crítica. Embora permeado pela relação amorosa entre os personagens centrais, o que é mais forte é a questão racial, pois Ifem, assim com outros negros, apenas se deu conta de que era negra quando saiu da Nigéria e foi morar nos Estados Unidos. Ela percebeu que a quantidade de negros era pouca e que a caminho dos bairros mais pobres, mais negros apareciam, seja nos vagões ou nas ruas.  Inúmeras experiências vivenciadas por Ifem e observações que fazia sobre os negros fizeram com que ela criasse um blog para falar da questão racial nos EUA, no entanto parece não se dar conta da importância que seu blog tem para os demais negros e a dimensão que ele atinge.

 

O delegado Tobias, de Ricardo Lísias – por Luigi Ricciardi

Delegado Luigi Tobias
Delegado Luigi Tobias

Um dos temas pelos quais sou mais aficionado na literatura contemporânea é a autoficção. Virou até tema do meu doutorado. Não seria diferente na escolha da minha leitura do ano. Ricardo Lísias já trabalhava nessa esteira, magnificamente, diga-se de passagem, com O céu dos suicidas e Divórcio. Porém com O delegado Tobias, Lísias dá um passo à frente. Seu e-book ou, como às vezes é chamado, seu e-folhetim é uma sátira à própria maneira de se fazer autoficção, em uma linha bem próxima à metalinguagem. Ricardo Lísias, personagem, aparece morto. De repente, descobre-se que há um outro Lísias, possível assassino do primeiro Lísias por brigas editoriais. Ninguém entende o que realmente aconteceu, quem está morto e quem vive. Críticos literários e professores de literatura são chamados para tentar ajudar na resolução do caso e também acabam presos. Extremamente fragmentado e experimental, o livro traz o que Lísias tem de melhor: o sarcasmo acompanhado de uma crítica ácida a certas estruturas e comportamentos. O ponto curioso, engraçado se não fosse trágico, é que o Lísias foi indiciado recentemente pelo Ministério Público acusado de falsificação de documentos para o seu livro. Vai entender!

 

Maria tirou o livro do aquário
Maria tirou o livro do aquário

Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Telles – por Maria Luiza Artese

Verão no Aquário retrata a atmosfera hermética de uma conturbada relação entre Raíza, jovem perdida em meio ao turbilhão dos anos 1960, e Patrícia, sua mãe, uma bem resolvida escritora admirada por todos. Marcada pela morte do pai, Raíza aprofunda o conflito com a mãe ao apaixonar-se por André, um jovem que deseja ser padre mas é incapaz de derrotar os próprios demônios. Não se sabe se André é amante ou não de Patrícia, mas toda a percepção sobre essa dúvida vem dos olhos de Raíza, que o provoca num duplo jogo de sedução: o que está em jogo não é apenas sua relação com ele, mas através dele para com a mãe. Lygia Fagundes Telles atinge seu ápice aqui, ao esmiuçar nuances psicológicas com sutileza e grande impacto.

 

Metafísica dos Tubos, de Amélie Nothomb – por Fernanda Paixão

Leitora entubada
Leitora entubada

“As únicas atividades de Deus eram a deglutição, digestão e, como consequência, a excreção.” Assim Amélie Nothomb começa a pontuar sua interpretação metafísica do organismo vivo, um ser dono de seu universo mas que nunca foge da condição de tubo. Seu olhar cru é só um de seus dons. Nessa narrativa autobiográfica tudo é visto pela primeira vez: um bebê que dignamente se diz Deus conta sua história até seus três anos, em estado permanente de assombro e contemplação e um profundo senso crítico e consciência de si. Trazendo conceitos da filosofia e momentos de parênteses mais ou menos ensaísticos, Nothomb explora o egocentrismo como virtude, em um personagem tão interessante quanto complexo, inclinado a efetuar sua natureza não por aceitá-la, mas por desconhecer o que seria não fazê-lo. O que tem de pequeno tem de visceral: foi fácil elegê-lo como leitura do ano.

 

Ainda estou Aqui, de Marcelo Rubens Paiva – por Mabel Pedra

Mabel Ainda está Aqui
Mabel Ainda está Aqui

O que muito me atraiu no livro “Ainda estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, foi a habilidade com que o autor constrói seu texto, narrativa fluente que tem como base a rememoração, nem sempre fácil, de acontecimentos que, dolorosa memória dos tempos de chumbo da ditadura militar, ainda repercutem no presente. Na sua bela crônica de uma época dura e violenta, o autor costura fatos e lembranças com grande delicadeza, e muito humor. E vai tecendo, nessa arqueologia tão pessoal, os perfis de sua mãe, a advogada Eunice Paiva, hoje portadora do mal de Alzheimer, e de seu pai, o político Rubens Paiva, sequestrado e morto nas mãos de agentes do exército.Com inspiração digna de famosa personagem de Machado de Assis, Marcelo domina com maestria a escrita, e se utiliza, com grande habilidade, à maneira de Brás Cubas, da “pena da galhofa e da tinta da melancolia” na composição deste inspirado retrato de uma família e de uma era.

 

História sem Fim, de Michael Ende – por Mickael Menegheti

Mickael lendo Michael até o fim
Mickael lendo Michael até o fim

Desde os tempos do Cinema em Casa, que passava depois dos episódios de Chapolin e Chaves durante o almoço, História Sem Fim me chamou atenção de um jeito diferente. O filme é espetacular (o primeiro). Ele tem a cena mais triste de todos os tempos. Em 2015 minha esposa me presenteou com a obra de Michael Ende (gostei do nome do sujeito). A narrativa vai muito além da apresentada nas adaptações cinematográficas e conseguiu envolver este humilde leitor que vos fala. História Sem Fim entrou fácil para o rol das três melhores leituras da minha vida. O motivo é fácil explicar, mas essa é uma outra história e terá de ser contada em outra ocasião.

 

Guerra e Paz, de Liev Tolstói – por Mario Filipe Cavalcanti

Halteres e Paz
Halteres e Paz

Guerra e paz é, sem dúvidas, a mais fodástica das obras que li em 2015! Escrita em cinco anos, no século XIX (pra quem tem pressa em publicar aquele romance da gaveta, fica a dica), ganha a fama de ser uma das mais longas da história da literatura universal (2.528 páginas na versão de luxo da Cosac Naify – com tradução de Rubens Figueiredo, direta do russo). O segredo de Guerra e paz está numa ironia fina que ultrapassou as barreiras do tempo. A própria escrita desenvolvida por Tolstói é uma ironia aos padrões do romance da época, desenvolvendo narrativas interrompidas aqui e ali por reflexões filosóficas – o que causou admiração ao próprio Flaubert, que leu o livro indicado por Turguêniev. Ao ironizar a forma clássica de se ver a história, sobretudo a dos grandes compêndios de Thiers, Tolstói também critica a forma como até hoje costumamos definir os fatos humanos. Ao ironizar as frivolidades da aristocracia russa do século retrasado, termina por criticar os padrões de cultura que até os dias de hoje divinizamos. Ao sutilmente falar da falta de lastro dos sentimentos humanos que nos levam à destruição das guerras, ironiza não só a campanha de Napoleão na Rússia de 1812, mas a guerra do Iraque, as campanhas na Síria e tantos outros conflitos armados que vemos até hoje. Resumindo, o livro é foda! Parafraseando Tolstói, diríamos: “véi, na boa, é como a Ilíada!”

 

Murilo no Esconderijo Breve
Murilo no Esconderijo Breve

Formas Breves, de Ricardo Piglia – por Murilo Reis

Normalmente eu indicaria um livro de ficção, mas Formas Breves, de Ricardo Piglia, virou meu guia do mochileiro literário. O volume apresenta onze textos nos quais o argentino – reconhecidamente um leitor obsessivo – disserta a respeito de autores como Poe, Kafka, Borges e Philip K. Dick. Destaco três textos que foram fundamentais para o que estudei em 2015: “Os sujeitos trágicos (literatura e psicanálise)”, que relaciona o método terapêutico freudiano com o romance policial, e “Teses sobre o conto”, no qual o autor disseca os detalhes que compõem as vertentes clássica e moderna desse gênero marcado pela brevidade. Manual essencial para quem estuda ou simplesmente é viciado em literatura.

 

O Livro das Semelhanças, de Ana Martins Marques – por Bruna Kalil Othero

Da Poétiquase às semelhanças
Da Poétiquase às semelhanças

O terceiro livro de Ana Martins Marques, minha conterrânea belorizontina, a consolida como uma poeta de alto nível, aprimorando a exigência da poesia contemporânea brasileira. A poética de Ana, metalinguística, procura tocar a palavra, assemelhar-se a ela – e consegue agradar a todos os públicos. Vencedor do prêmio da APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte, na categoria poesia, “O Livro das Semelhanças” encantou-me, inebriou os leitores e foi aplaudido pela Academia. Não só a minha melhor leitura de 2015, como também uma das melhores da última década. “Amar / profundamente / mas testar / volta e meia / se ainda / dá pé”

 

Vernon God Little, de DBC Pierre – por Jefferson Figueiredo

Jefferson segurando a normalidade
Jefferson segurando a normalidade

Vernon God Little é um livro com tudo para dar errado. Um adolescente de 15 anos, Vernon Gregory Little, vive em Martírio (a capital mundial do molho de churrasco), Texas, e narra os fatos que seguem após o massacre perpetrado por Jesus, seu melhor amigo, na escola – na qual ele mata vários alunos e depois se mata. Mas é um livro super divertido, com várias piadas de humor negro e uma trama escandalosamente farsesca. A situação se torna cada vez mais interessante quando a polícia não tem quem culpar – pois Jesus morreu – e começa a incriminar Vernon, que passa de quase vítima a assassino. A mídia é um protagonista à parte, tão bizarro e louco que deixa os outros personagens parecendo um mar de normalidade.

 

Diomedes, de Lourenço Mutarelli – por Vilto Reis 

Vilto Lourenço multimídia Mutarelli
Vilto Lourenço multimídia Mutarelli

Fiquei em dúvida se indicava um romance de Mutarelli ou esta Graphic Novel, mas fato é que este escritor foi minha grande descoberta literária deste ano. Na trilogia em quadrinhos Diomedes, por exemplo, um policial aposentado, canastrão com piadas escrotas e totalmente derrotado (looser), banca o detetive. Em seu colo, cai o mistério de ter de achar um mágico desaparecido há vinte anos. E nesta missão, ele se deparará com o dilema sobre se há magia em viver ou não. Tudo isso com um humor e uma profundidade que só Lourenço Mutarelli consegue dar às histórias.

 

Dora Calvino
Dora Calvino

Mundo escrito, mundo não escrito, de Italo Calvino – por Dora Carvalho

Afinal, por que escrevemos?, pergunta Ítalo Calvino em um dos artigos que compõe o livro “Mundo escrito e mundo não escrito”, uma das leituras mais acalentadoras de 2015. O próprio autor responde que “o impulso de escrever está sempre ligado à falta de algo que se queria conhecer e possuir, algo que nos escapa”. A obra tem diversos artigos do autor escritos entre os anos de 1950 e 1980 e passeia por várias temáticas: a figura do leitor, a criação de personagens e nomes, as estruturas do romance, o mercado editorial, dentre outras reflexões sobre o mundo literário. O livro começa com um convite à leitura de férias e nos instiga a pensar na linguagem como algo que se ergue em um mundo feito de sombras. Escrever é “fazer com que o mundo não escrito possa “exprimir-se por meio de nós” e completa: “no momento em que minha atenção se afasta da ordem regular das linhas escritas e acompanho a complexidade movente que nenhuma frase pode conter ou exaurir, me sinto próximo de entender que, do outro lado das palavras, há algo que busca sair do silêncio, busca significar por intermédio da linguagem, como dando golpes no muro de uma prisão”.

 

A Festa, de Ivan Angelo – por Márwio Câmara

Márwio escondendo a cara depois d'A Festa
Márwio escondendo a cara depois d’A Festa

Um convite para ser aluno especial em uma disciplina do programa de pós-graduação em Letras Vernáculas, com ênfase em Literatura Brasileira, na UFRJ, me proporcionou não só a constatação de que o meu lugar é na Letras, como um encontro emblemático com um grande livro do escritor mineiro Ivan Angelo. Desconhecendo o autor e a obra, fui encaminhado para A festa às cegas, sem saber o quão impactado ficaria ao sair dela. Um romance (não-romance) ao modo puzzle, onde o leitor é parte fundamental nesse jogo entre narrativas (aparentemente independentes) que se entrecruzam, formando um corpo semântico heterogêneo de qualidade inestimável. Escrito e publicado durante o regime militar, A Festa expõe de maneira inteligente e sofisticada as mazelas sociais do nosso país e nos golpeia com muitas outras de ordem político-cultural, intercaladas em diferentes tempos, planos e espaços, onde a hibridação de gêneros literários e discursivos torna-se uma das grandes características deste romance-novela-roteiro-conto que deveria ser mais citado e, sobretudo, lido por nós brasileiros.

 

Sérgio prestes a encarar o perigo
Sérgio prestes a encarar o perigo

El Instante del Peligro, de Miguel Ángel Hernández – por Sérgio Tavares

A potência narrativa de El instante de peligro, segundo romance do espanhol Miguel Ángel Hernández (ainda inédito no Brasil), dá as caras logo no primeiro parágrafo; uma abertura que mostra um autor com um domínio técnico pleno e clareza em seu projeto literário. Neste caso, o apropriamento da ficção para problematizar a validade da arte contemporânea no papel de uma realidade alternativa na qual se é possível corrigir erros do passado. Martín, um professor no ocaso da sua carreira e de seu matrimônio, começa a receber fotografias anônimas de Anna, uma jovem artista que pretende montar uma exposição na universidade onde este lecionou há dez anos. Ela o convida a regressar ao meio acadêmico e a escrever sobre as imagens, impulsionando uma investigação que vai infringir os próprios limites entre criação imaginária e ensaio. Hernández é incrível, ao tratar a memória consumada e a viva como intérpretes de uma existência.

 

Hellraiser, de Clive Barker – por Walter Bach 

Walter e as mandingas para uma boa leitura
Walter e as mandingas para uma boa leitura

Assisti o filme e sabia do livro, mas não o tinha lido. Ele se revelou acima das minhas expectativas: horror filosófico enquanto os personagens se matam em busca de prazer – e nisso a história me parece falar um pouco do nosso tempo. Eu já imaginava que o livro seria diferente do filme, óbvio, e fiquei com duas ótimas narrativas – eu e uma legião de gente que acompanhou correntes surgindo do além durante anos. E nem precisei invocar os cenobitas!

 

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